Uma vez constatada a existência de plantas daninhas na área, resta saber, se elas estão causando ou não um problema. A quantificação do nível de interferência de plantas daninhas em culturas, encontra-se avançada no quesito individual. Por exemplo, o efeito negativo que uma planta de caruru, ou duas, ou oito, exerce em uma planta de feijão, é bem conhecido. O maior problema está em juntar estas informações individuais e levá-las ao nível coletivo, com base na população de plantas existentes da área. Se existe uma planta de caruru e uma planta de buva, eu tenho interferência? E se existem três de caruru e duas de braquiária? Outros fatores também exercem influências sobre esta agressividade de plantas. Por exemplo, a distância entre plantas, a época de emergência e todas as questões edafoclimáticas.
Porém antes de tomar alguma ação, ou me basear em dados existentes para tomá-la, eu preciso identificar a(s) espécie(s) presente(s). Esta identificação é fundamental no adequado manejo de plantas daninhas na área. A identificação a nível de espécie é chave na escolha do método de controle ou do herbicida a ser utilizado. Existem espécies, como por exemplo, as cordas-de-viola (Ipomoea spp.), que possuem suscetibilidade diferencial a um mesmo herbicida á nível de espécie, como relata este trabalho. Uma vez confundidas, ou você deixará de ter um controle eficaz, ou, utilizará herbicida a mais do que o necessário.
Quando o controle utilizado é o químico, ou seja, o uso de herbicidas, a identificação de espécies deve ocorrer ainda quando as daninhas são plântulas (plantas que se desenvolvem ainda com as reservas da semente), o que torna tudo mais difícil. Sendo assim, a dica fundamental ao agricultor, é manter um histórico de dados sobre as espécies presentes na área. Este prévio conhecimento é importante para: Identificar as plantas ainda quando plântulas (existem espécies que só se diferenciam na sua inflorescência, ou seja, a identificação correta seria feita na safra anterior, como por exemplo plantas de capim-colchão [Digitaria spp.]), conhecer a fitossociologia da área (toda a comunidade infestante), ter uma ideia se o controle adotado na área tem sido eficaz (sobram muitas plantas, de que gênero? Alguma espécie vem aumentando de densidade?), e ainda notar quando uma nova espécie invade sua área (atualmente o problema com bucha e mucuna-preta em cana-de-açúcar).
Para facilitar a identificação destas plantas em relatórios ou publicações da área, foi gerada na Europa uma codificação para cada planta. O código BAYER. Este é um código composto por 5 letras, sendo as três primeiras geralmente identificadoras do gênero e as duas últimas do epíteto específico dependendo da fonia da palavra resultante da espécie da planta. Por exemplo, a planta de picão preto (Bidens pilosa), possui o código BIDPI. Já a planta de Ipomoea hederifolia, o código de IPOHF. Existem ainda algumas espécies, que possuem códigos diferentes ao seu nome atual, pois este foi alterado após a formulação do código. Por exemplo, a planta de buva (Conyza bonariensis), possui o código de ERBON, pois possuía o nome de Erigeon bonariensis.
Para ajudar na identificação, existem ótimos sites e livros que descrevem características das espécies e possuem chaves-botânicas para identificação, além de fotos. On-line, temos sites como o organizado pelo professor Pedro Alves de Jaboticabal (Unesp), que é o Plantas Daninhas on-line. Existem ainda os manuais produzidos pela empresa FMC, que são três: Identificação em cultivos, hortifrúti, Identificação em cultivos, arroz, e Identificação em cultivos, cultivos de verão. A Embrapa possui também uma manual on-line: Manual de identificação de plantas daninhas na soja. Caso seja de interesse, um link internacional, (WSSA).
Existem ainda muitos livros. A principal coleção de livros pertence ao autor Gottfried Kissmann. A coleção possui três tomos (que hoje são produzidos via CD e podem ser adquiridos via: kissmann@uol.com.br). Existem ainda livros do autor Harri Lorenzi, que são: Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas e Plantas Daninhas do Brasil. Existem ainda obras específicas como as do professor Pitelli, para identificação de plantas aquáticas, como: Macrófitas aquáticas do reservatório de Nova Avanhandava de 2013 e Manual de identificação das plantas aquáticas de Porto Primavera de 2012. Uma vez conhecida a família da planta, é mais fácil se chegar a espécie. Caso a dúvida persista, a planta pode ser analisada por professores com bom conhecimento em botânica, ou pela comparação com exsicatas de herbários. Atualmente, existem métodos que se utilizam da biologia molecular para caracterização de espécies.
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